Na manhã de hoje (14), foi realizado o XI Simpósio Internacional de Excelência em Produção, segundo maior evento realizado pela VDI-Brasil. O evento aconteceu de maneira online e contou com a participação de membros de empresas alemãs para debaterem os desafios e o atual cenário global e nacional da cadeia de suprimentos.
O tema abordado no SIEP foi “Supply Chain” e foi dividido em dois painéis, um focado em pequenas e médias empresas e o segundo em grandes em empresas.
Painel 1 : Supply Chain – Pequenas e Médias
O primeiro painel do evento contou com a participação de Débora Gomes – OSRAM, Giuliano Volpe – VOSS, Luiz Santos – Stäubli, e Gustavo Nery – Busch. Os participantes trataram sobre desafios e ações para as PME’s em frente ao cenário dos últimos anos, marcados pela pandemia e também pela guerra na Ucrânia.
Como ponto de partida, Luiz Santos, moderador do painel, iniciou a discussão questionando os participantes sobre os impactos causados pela pandemia nas empresas, principalmente ao se tratar da cadeia de suprimentos. A elevação de custo e escassez de matéria prima, dificuldade na importação de produtos e gerenciamento de estoque foram pontos citados por todos os participantes. “Tivemos que ser criativos e criar soluções rápidas. Nós tivemos que aumentar a janela de importações e recorrer a fretes aéreos para tentar reduzir o desabastecimento durante o período. 98% do nosso estoque é importado e isso impactou muito”, afirmou Gustavo Nery.
Ainda sobre o período de pandemia, os participantes citaram a questão da adaptação da empresa aos novos modelos de trabalho que tiveram que ser modificados em um período muito curto de tempo. Sobre o tema, Debora Gomes pontuou que “antes de pensar em cadeia de suprimentos e fornecedores, temos que pensar nas pessoas. Na OSRAM nós tivemos muito cuidado com isso, desde o início da pandemia nós avisamos aos colaboradores que não haveria desligamentos nem reduções salariais. Como líderes nós temos que cuidar das pessoas, assim alcançamos resultados”
Outro tópico mencionado pelos participantes, são os entraves causados pela guerra na Ucrânia que vem impactando diretamente na cadeia de suprimentos. Giuliano Volpe, destacou a necessidade de fortalecer o relacionamento da empresa com os fornecedores. “A guerra tem consequências diretas na importação, com isso muitas vezes dependemos também de fornecedores menores aqui do Brasil que talvez que não tenham um fôlego financeiro, por isso nós fazemos um acompanhamento logístico e financeiro para que isso não afete nossas entregas. Não temos a política de trocar de fornecedor a cada problema, sempre tentamos entender e auxiliar nas resoluções”.
Por último, Luiz Santos ressaltou as diferenças entre o gerenciamento da cadeia de suprimentos de empresas médias e pequenas de grandes empresas. “Hoje uma empresa de médio porte tem mais flexibilidade na implementação de novas tecnologias. Em grandes empresas há mais barreiras de aprovações para essas ferramentas. Com isso, as médias empresas servem de espelho para que as instituições maiores vejam os resultados positivos dessas novas tecnologias”, concluiu.
Painel 2 : Supply Chain – Grandes Empresas
O segundo painel do evento contou com a participação de Elizabeth Ramos – Lanxess, José Guilherme Passarelli – BASF, Mayara Lima – Siemens, e Rafael Barreto – BOSCH. Os participantes abordaram temas sobre a cadeia de suprimentos na atualidade, além de tratarem sobre desafios e estratégias de supply chain para as grandes empresas, visando a alta performance e excelência na produção.
Elizabeth Ramos, moderadora do painel, iniciou a colocação abordando aos convidados sobre as principais estratégias para garantir uma cadeia de suprimentos de qualidade em meio a um cenário global instável de muitas mudanças e limitações, como por exemplo os impactos na logística e abastecimento que a guerra na Ucrânia causou. Para Rafael Barreto, o fundamental está no foco ser além do custo. A estratégia mais importante está no relacionamento com os fornecedores e na aquisição de matérias primas. “Porque não adianta manter fornecedores que oferecem custos mais baixos mas que trazem riscos constantes para a empresa, mais do que nunca precisamos ter uma base de fornecedores sólida”, afirmou Barreto.
Outro tópico abordado no painel pelos participantes foi acerca da complexidade da cadeia de suprimentos na indústria química. Nesse contexto, Guilherme Passarelli ressaltou os principais elementos dessa realidade, como os materiais de base que a indústria depende, e que por vezes se encontram em locais geograficamente instáveis, que passam por uma cadeia logística muito longa e de alta dependência entre players. Isso adiciona riscos de produção como lead times mais longos e de indisponibilidade de plantas. “Por isso é necessário uma coordenação muito grande entre os estoques, entre todas as estratégias de abastecimento, para conviver com esses lados times mais longos da cadeia”, analisou Passarelli.
Por último, Mayara Lima explicou a importância da implementação de SGA (Sistema de Gestão Ambiental) nas indústrias, uma iniciativa para que toda a disposição final de resíduos da produção de uma indústria seja ambientalmente correta e colabore para o objetivo do carbono zero. Segundo ela, uma empresa só será plena nas suas ações e na sua postura em SGA se a sua base de fornecedores for condizente e também acompanhar esse propósito. “Eu vejo como parte de agente de mudança a moderação do comprador, na gestão do fornecedor, nos critérios de homologação e nessa parceria com o time de desenvolvimento. Por exemplo, uma das exigências básicas para ser fornecedor da Siemens é concordar com nosso código de conduta”, finalizou.
Por fim, os participantes agradeceram a oportunidade de participar da discussão no Simpósio e receberam o presidente da VDI-Brasil, Maurício Muramoto para encerrar o evento.
Confira o evento completo: https://youtu.be/cGvcP6PuJNw