O uso do biometano emite cerca de 60% menos dióxido de carbono comparado com um veículo elétrico durante o mesmo período
Há quem diga que os veículos elétricos surgiram para dominar o mercado quando o assunto é baixa emissão de dióxido carbono e metano à atmosfera. Mas, segundo os especialistas do Instituto Fraunhofer de Pesquisa e Inovação, em Karlsruhe, na Alemanha, os veículos a gás natural, que são operados com metano das usinas de biogás, são menos poluentes para o meio ambiente.
O estudo intitulado “Balanço climático, custos e potenciais de diferentes tipos de combustível e sistemas de acionamento” mostra que os carros elétricos movidos a baterias, e adquiridos em 2019, causarão mais emissões de dióxido de carbono até 2030 do que os veículos a gás natural movidos a biometano.
Um veículo a gás natural, comprado em 2019 e sempre movido a biometano, emite cerca de 60% menos dióxido de carbono até 2032 do que um veículo a diesel da mesma classe, que também foi adquirido em 2019. Além disso, levar em conta os créditos de estrume de acordo com a legislação atual da Alemanha (Diretiva RED II Renováveis), levará a emissões negativas de gases de efeito estufa. Existe mais o tempo de vida de 15 toneladas de CO² equivalente. Os carros elétricos emitem, significativamente, mais direta e indiretamente. “A mobilidade eletrônica, geralmente, é mais positiva do que realmente é”, comenta Jens Albartus, diretor-gerente da fabricante de usinas de biogás Weltec Biopower da Vechta.
Os pesquisadores da Fraunhofer, ao realizar o estudo, usaram a análise do poço no volante. As emissões diretas e indiretas são consideradas ao longo de todo o caminho para fornecer uma fonte de energia – desde a extração da matéria-prima até a instalação no veículo.
Do ponto de vista do custo, as vias de biometano para carros de passeio são apenas um pouco mais altas hoje em comparação com o diesel fóssil, e apenas um pouco mais altas em 2030. As coisas são diferentes nos caminhões pesados, porque os custos de combustível têm um impacto muito maior. O biometano também pode ser produzido a partir de energia eólica e solar, bem como de energia hidrelétrica e dióxido de carbono.
Atualmente, na Alemanha, existem quase 900 postos de abastecimento de gás natural em todo o país. A título de comparação, o Bundesnetzagentur conta com cerca de 10.100 estações de carregamento para carros elétricos movidos a bateria (BEV) dentro do escopo da portaria da estação de carregamento.
No Brasil
O gás extraído de dejetos e 100% renovável chegou ao país no início de 2017, já com um custo de 56% menor do que o do diesel.
De acordo com o CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis/Biogás), o biometano pode reduzir em até 90% as emissões de poluentes na comparação com a gasolina. Seu uso previne, ainda, o lançamento de metano na atmosfera, um dos vilões do aquecimento global (o outro é o CO2).
Sobre o biometano
O biometano (CH4) é uma versão refinada do biogás, que é extraído de matéria orgânica em decomposição por meio de equipamentos chamados de biodigestores. Como combustível automotivo, ele tem comportamento semelhante ao GNV (Gás Natural Veicular), portanto, pode ser utilizado nos carros que possuem o kit para aceitar o GNV.
A diferença do Gás Natural Veicular para o biometano é que ele tem origem fóssil, como a gasolina e o diesel. Já o biometano é 100% renovável.
O gás totalmente renovável é formado pela biodigestão de matéria orgânica, como lixo orgânico, fezes humanas ou de animais. Sua classificação é convencionada em dois tipos básicos. O gás natural, que tem até 85% de metano e o restante de outros hidrocarbonetos (etano, propano, butano e outros), encontrado associado, ou não, ao petróleo na natureza, e o biogás, que tem uma composição diferente do gás natural, com até 50% de metano, 40% de CO2 e outros gases. O metano é um excelente combustível e tem um efeito estufa 20 vezes maior do que o CO2 quando liberado para a atmosfera, por isso, é realizada a queima do metano gerado em aterros sanitários, poços e refinarias de petróleo.
Volkswagen anuncia mudanças em sua produção
A fábrica alemã de veículos anunciou, no fim de 2018, que irá produzir carros a combustão até 2026. Segundo o executivo, a marca não deixará de atender aos usuários que possuírem algum veículo com motor a gasolina ou diesel, durante a vida útil deles, para atender aos padrões ambientais.
A mudança surgiu após a Volkswagen estar envolvida no escândalo conhecido como “Dieselgate”, em 2015, na qual a montadora teve que pagar € 27 bilhões em multas por fraudar a emissão de poluição.
Essa mudança seria para concentrar a produção em veículos elétricos. “O ano de 2026 será o último de produção de veículos a partir da plataforma de motor a combustão”, disse o chefe de estratégia da fabricante alemã, Michael Jost, durante um discurso em uma conferência automotiva na Alemanha.
Michael comentou que a mudança é um passo radical, mas que a empresa está comprometida em tomar medidas para deter o aquecimento global.