A 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima é um evento realizado pela ONU para discutir os desafios e as soluções para a mudança do clima. Realizado em Sharm El-Sheik, no Egito, no fim de novembro, trouxe como tema os principais caminhos e potencialidades do país no combate às mudanças climáticas.
O evento, que reúne delegações de aproximadamente 200 países, ficou marcado como a maior edição da COP já realizada. O Brasil, na ocasião, apresentou todo o seu potencial verde.
Brasil tem matrizes mais limpas do mundo
Hoje, o Brasil se destaca por ter uma das matrizes mais limpas do mundo, com 85% de fontes renováveis contra 28% do restante do planeta. Em seu stand, o Brasil apresentou a sua vocação para a instalação de eólicas offshore, com potencial de geração de energia de 700 gigawatts.
Outro ponto de destaque apresentado é a força do país no campo da agricultura sustentável. A expectativa, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de que o país alcance um novo recorde na produção de grãos, com expectativa de atingir 312,4 milhões de toneladas na safra de grãos 2022/2023. Mais um ponto evidenciado foi o trabalho desenvolvido de tecnologia reversa na reciclagem de latas de alumínio.
Papel da indústria brasileira na sustentabilidade
Jefferson Gomes, vice-presidente da VDI-Brasil e diretor de Inovação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) foi um dos palestrantes do evento. Ele lembra que o país já é um dos protagonistas no cenário internacional quando o tema é sustentabilidade e credita isso ao trabalho desenvolvido no campo da ciência.
“O Brasil vem avançando há anos neste tema e é um dos principais atores globais. E isso se deve aos cérebros brasileiros. Nós conseguimos desenvolver uma agricultura forte e uma biotecnologia extremamente competente”, afirma.
Dentre os temas abordados também estiveram o papel da indústria brasileira e os trabalhos que ela desenvolve no campo da sustentabilidade para conectar o país à nova economia global. Foram debatidos assuntos como ações para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde no Brasil, as iniciativas da indústria para uma economia de baixo carbono, a neutralidade climática e a transição energética.
Mariana Lisboa, representante da maior produtora mundial de celulose, elogiou a iniciativa do governo brasileiro em promover os exemplos de sucesso da COP27.
“O estande do Brasil mostra um lado muito positivo do nosso país, que é a indústria que vem trabalhando na transição para uma economia verde e descarbonizada. São discussões extremamente relevantes com setores diversos e com o poder público. Estamos tendo aqui na COP 27 uma oportunidade muito grande de mostrar para o mundo o Brasil que funciona de forma sustentável e que se posiciona como parte da solução para a crise climática do planeta”, prossegue Mariana Lisboa.
Ela citou o exemplo de sua empresa, que há décadas atua conectada com conceitos de sustentabilidade. “É importante esclarecer que nossa empresa não corta árvores. Ela planta árvores. A matéria-prima do papel e da celulose é o eucalipto, que é a floresta plantada. Existe um compromisso de desmatamento zero por parte da empresa. Só plantamos em áreas degradadas e recuperamos áreas de preservação e áreas de reserva legal também. Nossa atividade é 100% sustentável, o que nos dá muito orgulho”, destaca a executiva.
José Luís Gordon, diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), também ressaltou o papel dos pesquisadores brasileiros no processo de fortalecimento da economia verde no Brasil.
“A Embrapii vem apoiando fortemente o desenvolvimento de tecnologia na parte da biodiversidade brasileira. Temos feito produtos, por exemplo, a partir do jambu, do açaí, além de muitos projetos para biofertilizantes”, revela.
Durante o painel, José Luís Gordon anunciou a abertura de novos centros de pesquisa no Brasil que atuam no campo da sustentabilidade. “Anunciamos aqui que foram credenciados mais quatro centros ligados à bioeconomia na Região Norte. Isso é muito importante para agregar valor e colocar a Região Norte como referência para a bioeconomia”, explica.