O crescimento populacional tem acontecido em um ritmo vertiginoso. Se, em 2009 os índices apontavam que 6,8 bilhões de pessoas habitavam a Terra, as últimas pesquisas realizadas ilustram o aumento da população para 7,6 bilhões de habitantes. A elevação considerável nesses números, em um curto período de tempo, faz acender um alerta para um problema grave em escala global: a insegurança alimentar.
Segurança alimentar, em resumo, contempla um conjunto de normas que garante o acesso da população a uma alimentação saudável e de qualidade para todos. Nesse sentido, a questão principal é como alimentar uma população em constante crescimento, com terrenos e áreas para cultivo limitadas, um sistema que desperdiça grande parte da produção e diversos obstáculos que implicam na distribuição desigual dos alimentos no mundo.
A preocupação com a escassez de alimentos se agrava com o fato de que, atualmente, 821 milhões de pessoas no mundo passam fome, segundo um relatório elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Em 2016, esse número era de 815 milhões. Esse crescimento torna evidente a necessidade de se desenvolver um sistema que produza e distribua os alimentos de maneira igualitária para a população.
Com forte participação na agricultura mundial, o Brasil possui um papel fundamental no processo de luta contra a fome. No ranking de comércio de produtos agropecuários, o Brasil ocupa a 3ª colocação, responsável por 5,7% do mercado global, atrás apenas de Estados Unidos (11%) e União Europeia (41%), respectivamente. A extensa área, propícia para plantações e cultivo de alimentos, e o clima tropical do país, são aspectos que destacam o potencial brasileiro na contribuição com a segurança alimentar.
Contudo, o fator climático, que até então era um dos pontos fortes do Brasil, não apresenta uma visão positiva para o futuro. Os efeitos das mudanças climáticas apontam para cenários desfavoráveis para a agricultura do país. A liberação de gases prejudiciais para a atmosfera, como o Dióxido de Carbono (CO2) e a contaminação do solo e da água, devido à utilização de fertilizantes e agrotóxicos, podem ser citados como alguns dos principais entraves para o futuro do agronegócio brasileiro. De acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), o Brasil é o sétimo maior emissor de CO2 do mundo, sendo o agronegócio responsável por 76% da emissão dos gases.
Como solução para amenizar os danos causados pelo setor, a agricultura sustentável surge como uma alternativa mais eficiente na produção de alimentos e menos prejudicial às questões climáticas. Com a presença da tecnologia na área rural, as denominadas Smart Farms apresentam altos níveis de produtividade. Trabalhando por meio da implementação de sensores ligados aos equipamentos, Smart Data, Internet das Coisas e sistemas automatizados permitem práticas mais precisas e sustentáveis, como a reutilização de água da chuva para irrigação, exterminação de pragas sem utilização de pesticidas, eliminação de agrotóxicos e outras ações que não danificam o meio ambiente.
Outra barreira encontrada no percurso rumo à segurança alimentar é o desperdício de alimentos. Conforme os dados divulgados pela FAO, cerca de 30% de tudo o que é produzido, é desperdiçado. A porcentagem representa, aproximadamente, 1,3 bilhão de toneladas. Desse total, 56%, mais da metade, é descartado durante a produção, transporte e armazenamento. No Brasil, os alimentos desperdiçados seriam capazes de reduzir a fome de mais de 11 milhões de pessoas, afirma a FAO.
Como terceiro maior exportador de alimentos do mundo, é perceptível que o Brasil é um dos responsáveis por desenvolver soluções que auxiliem na erradicação da fome no mundo. Entre 2016 e 2018, o número de startups brasileiras voltadas para o agronegócio cresceu de 76 para aproximadamente 184, de acordo com censo realizado pelo AgTech Garage. A expansão das agtechs expressam o potencial crescimento do país no setor de agricultura, graças às práticas inovadoras que vem sendo implementadas nas fazendas.
Participação da VDI na segurança alimentar
Com base na necessidade da elaboração de propostas focadas em segurança alimentar, a VDI-Brasil, em parceria com a VDI-Alemanha, realizou o Connect #TeamVDI: Food Security. A iniciativa selecionou um time de cinco estudantes de engenharia do Brasil com a missão de criar um projeto internacional de segurança alimentar, em colaboração com outros cinco membros selecionados pela VDI-Alemanha. Os jovens contemplados receberão uma estrutura básica de atividades, a qual terão independência e autonomia para planejar e organizar o trabalho no projeto, visando a desenvolver melhores perspectivas para o futuro.