Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil tem um potencial de 700 GW de fonte eólica offshore, com rendimentos acima da média mundial.
Estabelecendo um comparativo com os demais países, dos 75 GW atualmente instalados no mundo, a China responde por 50%, seguida pelo Reino Unido (20%), Alemanha (11%) e Holanda (6%), conforme dados do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC).
Mas, ainda existem alguns entraves quanto se trata desse tipo de energia no Brasil.
Neste novo artigo, você entenderá o que é a energia eólica offshore, quais são as oportunidades de crescimento para o Brasil, seus desafios e muito mais.
Continue a leitura abaixo.
Afinal, o que é energia eólica offshore?
A energia eólica offshore é gerada pela força dos ventos marítimos, convertida em eletricidade por parques eólicos instalados no leito marinho.
Esses parques eólicos superam os terrestres em geração de energia devido à maior abundância e regularidade dos ventos marítimos.
Além disso, existem diversos outros benefícios. Veja a seguir:
- Menor impacto visual e sonoro: Os parques eólicos offshore são instalados em áreas remotas, minimizando o impacto visual e sonoro sobre as comunidades locais.
- Menor ocupação de espaço: A instalação de parques eólicos offshore não compete por terras com outras atividades, como a agricultura.
- Diversificação da matriz energética: A energia eólica offshore contribui para a diversificação da matriz energética de um país, reduzindo a dependência de fontes fósseis.
O futuro é promissor. Mas, ainda há desafios a superar.
Apesar de suas vantagens, a energia eólica offshore enfrenta alguns desafios, como os custos de instalação e manutenção, que são geralmente mais elevados do que em terra.
Prova disso é um levantamento realizado pelo CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), que revela que o custo da produção de energia em eólicas offshore, é mais de 3 vezes superior ao das eólicas onshore, em terra.
O valor elevado se dá por conta de vários fatores, dentre eles, os caros aerogeradores para o mar, que precisam ser maiores e mais resistentes, impactando no custo de transporte, instalação e manutenção. Outro ponto a ser considerado são os cabos submarinos para transportar a energia gerada: além de precisarem ser resistentes e isolantes, ficam no fundo do mar, o que aumenta a extensão exigida.
No entanto, com os avanços tecnológicos e a crescente demanda por energias renováveis, espera-se que esses custos diminuam ao longo do tempo.
Além disso, no Brasil, a ausência de um marco regulatório consolidado para a energia eólica offshore ainda é um obstáculo para o setor.
A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) é a principal agência responsável pela contratação das áreas marítimas para geração de energia. Sua função inclui a realização de concorrências para as áreas, tanto em modelos de cessão planejada quanto independente, a partir de demandas das empresas.
No entanto, o adiamento da conclusão dos estudos regulatórios por parte da agência acaba por gerar incerteza e desestimulando investimentos no setor.
Como é a situação na Alemanha?
A promoção das energias renováveis começou na Alemanha nos anos 90. Em 2000, foi firmemente ancorada na Lei das Energias Renováveis (EEG).
A chamada taxa EEG foi utilizada para transferir os custos crescentes da expansão da eletricidade verde para os consumidores numa base pro rata. O governo alemão aboliu a taxa em 2022, a fim de aliviar os clientes de eletricidade do rápido aumento dos custos de energia.
Todos esses subsídios estatais contribuíram para que grande parte da energia elétrica, atualmente, provenha de fontes renováveis na Alemanha. E o plano é continuar avançando: A Alemanha planeja expandir rapidamente sua produção de energia eólica, tanto em terra quanto no mar, até 2030.
E a empresa Iberdrola vem desempenhando um papel central nesse desenvolvimento, no que diz respeito à energia eólica offshore.
- Investimento significativo: A Iberdrola investiu 1,4 bilhão de euros na construção do parque eólico offshore Wikinger, que entrou em operação em 2018.
- Capacidade e impacto: O parque Wikinger possui uma capacidade instalada de 350 MW, fornecendo energia para cerca de 350.000 residências e evitando a emissão de quase 600.000 toneladas de CO2 por ano.
- Expansão: Além do Wikinger, a Iberdrola está construindo outros dois parques eólicos offshore na Alemanha (Baltic Eagle e Wikinger Süd), formando o maior complexo eólico offshore do Mar Báltico.
- Visão de futuro: A Alemanha se tornou um mercado estratégico para a Iberdrola, junto com outros países como Estados Unidos, Reino Unido, México, Brasil e Espanha.
Eólica offshore: a aposta brasileira para um futuro energético sustentável
Segundo o Orçamento Global de Carbono de 2024, a projeção para emissões de dióxido de carbono fóssil (CO2), somente este ano, é de 37,4 bilhões de toneladas métricas.
Sendo assim, substituir a geração de energia a partir de combustíveis fósseis, a energia eólica offshore contribui significativamente para a redução das emissões de dióxido de carbono e outros gases que causam o efeito estufa.
De acordo com autoridades da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEolica), a energia eólica offshore é fundamental para o Brasil consolidar sua matriz energética renovável, gerando mais oportunidades e desenvolvimento.
A extensa costa brasileira, com mais de 8 mil quilômetros, representa uma oportunidade única para o desenvolvimento da energia eólica offshore.
Essa fonte limpa e renovável é a estratégia para diversificar a matriz energética nacional e garantir um futuro mais sustentável.