As interrupções generalizadas da cadeia de suprimentos, por conta da pandemia, em 2020, atrasaram e reduziram as vendas, aumentaram os custos de fabricação, criaram um excesso inesperado de capacidade de produção e resultaram no não atendimento de demandas. Tudo isso gerou volatilidade nos resultados financeiros e reduziu a confiabilidade das previsões e projeções.
Durante os últimos 30 a 40 anos, as empresas industriais estabeleceram cadeias de fornecimento internacionais para maximizar a produção e a eficiência de custos. Hoje, essas arquiteturas são ameaçadas por uma confluência de forças externas: eventos globais em larga escala, crescente protecionismo e inflação salarial em países de baixo custo. Por isso, as indústrias estão transformando suas cadeias de abastecimento para manterem a competitividade frente a essas forças.
A Deloitte Insights realizou uma pesquisa, North American CFO Signals™ , com diretores financeiros (CFOs), no terceiro trimestre de 2021, em que a maior parte dos entrevistados indicaram que buscaram várias estratégias para combater futuras interrupções no fornecimento, incluindo multisourcing e mudanças no sourcing regional. Essas estratégias podem incluir a identificação de componentes de produtos que apresentem risco para a produção, a realização de análises de custo-benefício para estratégias, a diversificação de fornecedores, aumento dos níveis de estoque de segurança, fornecimento regional, relacionamentos de joint venture, entre outros.
Aumento do protecionismo
Além da pandemia, as cadeias de fornecimento globais enfrentam os riscos das políticas governamentais que incentivam as indústrias domésticas e impedem os fluxos transfronteiriços de bens e capital. As definições de indústrias e tecnologias sensíveis nacionalmente também foram expandidas em vários países, aumentando os limites ao investimento estrangeiro direto.
Quase um quarto (24%) dos entrevistados da pesquisa disse que as operações ou cadeias de fornecimento de suas empresas foram significativamente perturbadas nos últimos 24 meses por novas tarifas ou outras regulamentações ou restrições comerciais impulsionadas pelo governo, mantendo a pressão sobre as empresas para otimizar as localizações de suas operações e fornecedores. Isto significa cada vez mais uma mudança para mais perto da sede, encaixando com os benefícios crescentes de cadeias de abastecimento encurtadas em meio aos entraves logísticos da pandemia.
A guerra na Ucrânia
Além de seu horrível custo humano, a guerra na Ucrânia teve implicações diretas para as cadeias de abastecimento globais, aumentando os custos de energia e matérias-primas, devastando a indústria regional e levantando temores de ataques cibernéticos, e aumentou a complexidade operacional à medida que as empresas navegavam por novas sanções e intensificaram o escrutínio das relações comerciais existentes.
Indiretamente, a gama de medidas políticas implementadas contra a Rússia e o potencial para sanções secundárias contra países que mantêm relações mais normais (por exemplo, China ou Índia), podem levar os países a protegerem a si e às suas indústrias domésticas contra medidas similares, dissociando seletivamente suas cadeias de abastecimento existentes. Da mesma forma, as empresas estrangeiras com operações ou fornecedores em tais países devem se envolver em planos de contingência que considerem a perda súbita e potencialmente prolongada desses ativos ou relacionamentos.
Aumento da complexidade do Supply Chain
Em um contexto digital e globalizado, a cadeia de suprimentos se tornou ainda mais complexa, isso porque as atividades se estendem a mais fornecedores e parceiros, já que as empresas estão atuando de forma mais descentralizada a fim de alcançar mais mercados, implicando mais agentes envolvidos na linha de produção que agora possui mais ramificações.
De acordo com o estudo da Accenture, apenas 4% dos CSCOs (Chief Supply Chain Officer) se consideram preparados para o futuro, enquanto 35% dizem que só estarão em 2023. O primeiro passo para se preparar para o futuro em supply chain é compreender o conceito de integração do ecossistema. Isto é, deixar para trás a ideia de um departamento isolado e com papel exclusivamente operacional. A partir disso, compreender profundamente quais tecnologias são adequadas para a organização, basear-se em dados confiáveis e de qualidade e engajar a equipe para um modelo de atuação digital, este último, cada vez mais indispensável atualmente – proporcionando soluções alinhadas à cultura e estratégia de negócio da empresa.
Essa ideia vai ao encontro de informações da mesma pesquisa da Accenture citada anteriormente, a qual diz que a preparação para o futuro reflete-se na capacidade de dimensionar oito características de maturidade do modelo operacional, que são estas: Análise; Automação; Dados; Relacionamento entre as partes interessadas; Inteligência artificial; Colaboração entre negócios e tecnologia; Práticas de liderança e Força de trabalho ágil. Ao amadurecer esses pontos, o setor de cadeia de suprimentos poderá garantir com máxima excelência a disponibilidade de produtos e materiais no tempo e local exato.
A raiz dos desafios que os líderes de supply chain estão enfrentando diz respeito ao alinhamento da estratégia organizacional com as tecnologias existentes. A função da cadeia de abastecimento ainda é isolada em muitas organizações, dificultando a capacidade da liderança de executar uma estratégia integrada e que une todas as partes da cadeia de valor em torno de um conjunto compartilhado de negócios e resultados do cliente.
A importância da tecnologia aliada ao supply chain
Nesse cenário, a tecnologia vem sendo aplicada para atingir níveis elevados de maturidade operacional. Em consenso com essa ideia, a pesquisa da Accenture apontou que 81% dos líderes da cadeia de abastecimento concordam que estão enfrentando mudanças tecnológicas a uma velocidade e escala sem precedentes. E 64% relatam que o ritmo da transformação digital para sua organização está se acelerando. A tecnologia surge como uma solução para eliminar grande parte dessa complexidade e tornar a visão de negócio mais sistêmica.
Diversas tecnologias, como cloud, IA, BI, machine learning e IoT estão sendo usadas no setor logístico para garantir entregas mais rápidas, integração de departamentos, dados de qualidade, automação de tarefas repetitivas, análises precisas e muito mais – possibilitando um modelo preditivo e de maior performance. Nesse cenário, a cadeia de suprimentos passou a ganhar maior relevância para entrega de valor aos consumidores que se tornaram mais exigentes e ativos online, devido ao isolamento social, o que impulsionou as compras pela internet – impactando diretamente o setor logístico.
Para garantir uma completa integração, o setor de tecnologia deve prover de sistemas padronizados de comunicação que torne a troca de informações efetiva e automatizada, criando uma estrutura confiável e sólida, mostrando a importância da colaboração entre as áreas. Portanto, para atingir a maturidade da cadeia de suprimentos e estar preparado para o futuro, os CSCOs devem aplicar seus esforços para alinhar a tecnologia às áreas de negócios e promover um ecossistema integrado.
XI Simpósio Internacional de Excelência em Produção da VDI-Brasil trata sobre Supply Chain
Sabendo da importância do tema, o XI Simpósio Internacional de Excelência em Produção, segundo maior evento realizado pela VDI-Brasil tratou sobre Supply Chain. O evento aconteceu de maneira online e contou com a participação de membros de empresas alemãs para debaterem os desafios e o atual cenário global e nacional da cadeia de suprimentos.
O evento foi dividido em dois painéis, um focado em pequenas e médias empresas e o segundo em grandes em empresas.
Confira como foi o evento em https://www.youtube.com/watch?v=cGvcP6PuJNw&feature=youtu.be