O panorama das empresas de robôs mudou significativamente nos últimos anos. Em vez de empresas de manufatura orientadas à engenharia para robôs industriais caros e universalmente aplicáveis com mecânica complexa e grandes cargas úteis, o mercado é caracterizado por robôs de baixo custo para uma variedade de aplicações. Na Ásia, em particular, muitas novas empresas entraram nesse mercado. A China identificou a robótica como um dos principais impulsionadores da estratégia Made in China 2025.
Como estão se desenvolvendo as diferentes áreas de aplicação?
Novos produtos estão chegando cada vez mais rápido ao mercado; um dos motivos é a grande variedade de fornecedores de componente oferecendo materiais de alta qualidade. Os robôs colaborativos estão em ascensão, além disso, os sistemas operacionais de robôs de código aberto e os avanços em inteligência artificial estão impulsionando um crescimento adicional.
Por outro lado, ao considerar a aplicação de robôs em ambientes industriais, existem apenas áreas limitadas, nas quais esses equipamentos são onipresentes. Soldagem corporal, colagem e montagem são áreas essenciais para aplicações robóticas na Europa, como produção de telefones celulares na China e muitas aplicações de serviços no Japão. Além disso, o uso de robôs fora do âmbito industrial aumentou significativamente. Os robôs médicos e de serviço foram as novas áreas-chave de aplicação, enquanto o número de robôs aspiradores, esfregões e secadores aumentou significativamente.
Uma olhada nos números mostra o sucesso da indústria de robótica, porém, ainda sem alcançar o nível que era esperado pelas projeções. Ao analisar os principais desafios que os usuários enfrentam, existem algumas tendências óbvias que dificultam para os fabricantes de robôs aumentar o volume nas quantidades previstas. Para um maior sucesso, algumas inovações importantes devem ser implementadas para acelerar ainda mais o crescimento na indústria de robótica. Isso também fornece algumas informações importantes para os investidores neste setor.
Julgue os robôs pelos números
O setor está confiante, há empresas fabricantes de robôs prevendo que a venda desses equipamentos chegará a um milhão de robôs por ano até 2025. Supondo que essa empresa alcançaria de forma realista um máximo de 25% da participação de mercado total, o volume aumentaria dez vezes.
De acordo com um estudo realizado pela Federação Internacional de Robótica, no ano passado (2020), o número de unidades instaladas aumentou 12% em 2019, enquanto o crescimento médio anual, desde 2014, foi de cerca de 13%. Desde 2010, o número de robôs na Ásia aumentou 3,5 vezes; na Europa apenas por um fator de 2,3, com a América no meio.
O crescimento das instalações robóticas, na verdade, desacelerou. Olhando para os dados anuais, o número de robôs instalados diminuiu 12% de 2018 a 2019. Esses números não se correlacionam com o crescimento econômico geral. O crescimento industrial chinês, por exemplo, aumentou 5,7% para 6,1% em 2019 em comparação com o ano anterior, enquanto os números de instalação na China diminuíram significativamente.
Embora enormes esforços técnicos tenham sido feitos para reduzir os custos do robô a uma fração do preço de venda original, o aumento esperado no volume está ausente em muitas previsões. Muitos recém-chegados desafiaram os fabricantes de robôs existentes e alguns cresceram significativamente nos últimos anos. Embora o volume total tenha aumentado, muitas empresas ainda perderam claramente suas metas de volume.
Os robôs na indústria continuam a se estabelecer
As aplicações industriais foram o ponto de partida para os robôs. Ver uma linha de produção automotiva com muitos robôs de soldagem é uma imagem amplamente aceita. A aplicação de cola, por exemplo, montagem e tarefas semelhantes são realizadas com robôs há muitos anos. Nos últimos anos, novos robôs mudaram o cenário. A Universal Robots criou um novo mercado com seus robôs baratos e carga útil limitada, mas com custos bastante reduzidos. Muitos concorrentes em todo o mundo desenvolveram outros robôs de baixo custo, como Franka Emika, ABB (em algumas áreas), Aubo, Estun Robotics, Shanghai Step Robotics, Siasun Robotics e Flexiv. A China identificou a robótica como um dos principais motores estratégicos para o crescimento econômico.
Uma área especial de negócios que surgiu nos últimos anos são os robôs colaborativos, que podem interagir com as pessoas e não requerem os mesmos equipamentos de segurança que outros robôs industriais. Essas máquinas tornaram a integração de robôs em locais de trabalho existentes muito mais fácil e abriram muitas novas áreas de aplicação. Os robôs industriais são, na verdade, um investimento atraente, mas o número real de instalações não atende às expectativas.
O futuro dos robôs
Embora existam muitas oportunidades para melhorar a tecnologia de robôs, as instalações de robôs industriais não vão crescer exponencialmente. Embora os efeitos do aumento de volume na produção de robôs sejam muito apreciados por empresas de capital de risco, o esforço de implementação nas empresas usuárias limita o sucesso de escala. Sem uma melhoria significativa nos processos de planejamento, instalação e comissionamento, as mudanças serão improváveis. Se o tempo médio de planejamento de um robô cair de oito para dois meses, um planejador pode implementar quatro vezes mais robôs, o que aumenta significativamente o seu volume de produção.
Focar na melhoria desses processos identificará novas abordagens e exigirá um sistema muito mais modular para alinhar e manusear as peças. Ao fornecer feedback de tais módulos, o design de produtos fabricados industrialmente pode ser melhorado para torná-los mais adequados para a montagem de robôs. Isso aumenta ainda mais a necessidade de robôs.
Robôs na indústria brasileira
Segundo um levantamento da Federação Internacional de Robótica, em 2017, o Brasil possuía 12.373 robôs industriais. Esse número equivale a 0,6% dos robôs instalados no mundo, sendo a 18ª posição no ranking de nações mais automatizadas.
Para Marcelo Magdaloni Silva, General Manager na Stäubli São Paulo, os valores estão bem abaixo do que o Brasil poderia ou deveria ter. “Muito ainda se concentra nas aplicações de solda ou mesmo em handling ou montagem na indústria automotiva (montadoras e autopeças), porem, mesmo nas autopeças a quantidade de robôs está aquém, levando a uma menor produtividade no processo fabril, deixando nossa indústria menos competitiva.”
Um dos fatores determinantes é o baixo nível de conhecimento em automação de equipes de engenharia nas inúmeras empresas brasileiras. Há poucos profissionais capacitados para analisar situações, propor soluções e até mesmo avaliar os fornecedores nesta área.
“Com uma baixa capacitação técnica, tudo vira o menor custo, quando deveria ser o melhor custo X benefício. Mas fica difícil avaliar o benefício se não há elevada competência técnica. Com isso, focando no menor custo, as empresas tendem a fazer os investimentos não de médio e longo prazo, trazendo ineficiência na produção em curto espaço de tempo, o que vira uma bola de neve”, afirma Marcelo Silva.
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