A inovação é a chave para a prosperidade, segurança, melhores empregos e melhor saúde,
bem como resposta para os próximos desafios, como segurança energética e aquecimento global. Em diversos estudos sobre história econômica realizados ao longo dos anos, os autores argumentam que existem padrões históricos em inovação e indústria.
Chris Freeman e Francisco Louçã usam dados históricos sobre avanços tecnológicos, estrutura econômica, salários e agitação política para derivar uma um padrão claro que liga a inovação ao desempenho da economia. Esses ciclos geracionais de invenção, expansão e depressão são chamados de “ondas Kondratiev” em homenagem a Nikolai Kondratiev, o economista russo que primeiro postulou sua existência.
Joseph Schumpeter é um economista austríaco que criou o conceito da “destruição criativa”,no sentido de que novas tecnologias surgem como ondas, com ciclos de alto desenvolvimento ou expansão durante um certo período de tempo. Esta onda rompe com a ordem anterior, tirando a economia de seu estado de equilíbrio, e provocando um novo ciclo. A “destruição criativa” é originada pela necessidade de adaptação pelos ciclos de mudanças para fins de desenvolvimento e sobrevivência das empresas e sistemas capitalistas, refletindo diretamente na sociedade. A mudança, a reinvenção de processos antigos, e a destruição criativa, provocam ações inovadoras.
Estudos de economistas pensadores apontam a existência anterior de cinco ondas de inovação: Revolução Industrial; Idade do Vapor; Eletricidade; Produção em Massa e Tecnologias da Informação e Comunicação e Redes, a qual vivenciamos atualmente.
Veja a indústria ferroviária, por exemplo. Na virada do século XIX, as ferrovias remodelaram completamente a demografia urbana e o comércio. Da mesma forma, a Internet perturbou setores inteiros -da mídia ao varejo.
Ciclos de inovação: as seis ondas
Desde a primeira onda de têxteis e energia hídrica na revolução industrial até a Internet na década de 1990, aqui estão as seis ondas de inovação e seus principais avanços. Durante a primeira onda da Revolução Industrial, a energia da água foi fundamental para a fabricação de papel, têxteis e produtos de ferro. Ao contrário das usinas do passado, as barragens de tamanho real alimentavam as turbinas por meio de sistemas complexos de
correias. Os avanços nos têxteis trouxeram a primeira fábrica e as cidades se expandiram aoseu redor.
Com a segunda onda, entre cerca de 1845 e 1900, vieram avanços significativos em ferrovias, vapor e aço. A indústria ferroviária sozinha afetou inúmeras indústrias, de ferro e petróleo a aço e cobre. Por sua vez, grandes monopólios ferroviários foram formados.
O surgimento da luz para energia elétrica e da comunicação telefônica por meio da terceira onda dominou a primeira metade do século XX. Henry Ford lançou o Modelo T e a linha de montagem transformou a indústria automobilística. Os automóveis ficaram intimamente ligados à expansão da metrópole americana. Mais tarde, na quarta onda, a aviação revolucionou as viagens.
Após o surgimento da Internet no início da década de 1990, as barreiras à informação foram derrubadas. A nova mídia mudou o discurso político, os ciclos de notícias e a comunicação na quinta onda. A Internet inaugurou uma nova fronteira da globalização, uma paisagem sem fronteiras de fluxos de informação digital.
Poder de mercado
Para o economista Schumpeter, as inovações tecnológicas impulsionaram o crescimento econômico e melhoraram os padrões de vida. No entanto, esse crescimento, se for desequilibrado, pode levar a monopólios. Especialmente durante a recuperação de um ciclo, os jogadores mais fortes obtêm amplas margens e afastam os rivais. Normalmente, esses ciclos começam quando as inovações se tornam de uso geral.
Todas as ondas possuem dois componentes principais e influenciadores da mudança: tecnologia e impactos sociais e uma onda após a outra surgiram e estagnaram fundamentalmente por novas necessidades tecnológicas e sociais.
Segundo Chris Freeman e Francisco Louçã, a sexta onda sinaliza um direcionamento para o empreendedorismo sustentável.
Até então o primeiro elemento do mercado de inovação era o financeiro, focado no retorno econômico da atividade. Com o avanço da sociedade dois outros ele mentos ganharam destaque: o social e o ambiental.
No centro de cada inovação tecnológica está a solução de problemas complexos, e as preocupações com o clima estão se tornando cada vez mais urgentes. Custos mais baixos em energia solar fotovoltaica e eólica também estão prevendo vantagens de eficiência.
Um exemplo de uma transformação de sexta onda poderia ser o desenvolvimento de polímeros à base de madeira para uso na fabricação de produtos como pastas de dente, medicamentos, recipientes e roupas. Isso poderia representar uma ruptura importante (positiva) na indústria de produtos florestais, resultando em uma maior produção de valor agregado, o que poderia melhorar drasticamente a economia do setor florestal.
O próximo desafio da nova onda é formar uma economia capaz de suportar com mais segurança e solidez o homem, a natureza e as empresas, garantindo uma coexistência sustentável.
Olhando ainda mais para o futuro, algumas características de uma eventual sétima onda podem incluir a fusão de tecnologia e inteligência para criar robôs autônomos, seja em escala nano, micro ou macro, que sejam capazes de, assim como demonstrado pela 4ª revolução industrial, uma ação independente, auto reparo, e replicação.