A Consumer Electronics Show (CES) 2021, a maior feira de tecnologia do mundo, aconteceu no início deste ano, pela primeira vez de modo totalmente virtual, devido à pandemia de Covid-19. A CES é conhecida por dar uma amostra das tecnologias que devem aparecer ao decorrer do ano. Além de alguns lançamentos, a feira é uma oportunidade para as marcas apresentarem onde estão concentrados os seus esforços.
Com apresentações totalmente virtuais, o evento sente uma mudança no foco de seus gadgets. Em 2021, muitas empresas investiram em produtos relacionados a higiene e prevenção contra a Covid-19. Como é de costume, a feira também apresentou muitas tendências para a indústria automotiva.
Geralmente, a feira acontece em Las Vegas, nos EUA, e envolve multidões de participantes em salões de festas, salas de exposições, centros de conferências e ônibus durante o evento de vários dias. A edição digital de 2021 foi baseada em três pilares:
- Palestras e conferências: as pessoas assistiram de casa aos anúncios das empresas de tecnologia;
- Vitrine de produtos: os visitantes virtuais puderam explorar produtos e serviços, com base em seus interesses e negócios, por meio de vitrines dinâmicas de produtos ou demonstrações ao vivo.
- Reuniões e networking: a CES ofereceu interações ao vivo, encontros e discussões em mesas redondas com executivos.
Indústria automotiva
O fabricante do LiDAR Blickfeld apresentou seus dois sensores, o Blickfeld Vision Mini e o Vision Plus. O Blickfeld Vision Mini é um sensor 3D LiDAR compacto que pode ser integrado, por exemplo, em retrovisores externos, faróis, luzes de ré e nos pilares A, B e C. Isso permite uma visão geral de 360 graus. O sensor oferece um campo de visão de até 107 graus e detecta veículos a uma distância de até 150 metros.
Isso significa que ele pode fornecer dados confiáveis para uma direção automatizada e autônoma no trânsito da cidade, de acordo com o fabricante. O campo de visão Vision Plus se destina ao uso na parte dianteira e traseira do veículo e cobre a detecção de pequenos objetos a uma distância de até 200 metros. Em combinação, os dois sensores podem permitir a automação do nível 2+ e superiores.
A BMW divulgou um novo sistema de infoentretenimento, que será apresentado em detalhes no final do ano e será instalado no SUV elétrico iX pela primeira vez. O interruptor giratório continua sendo o elemento central, mas é envolvido por um anel de cristal e combinado com uma tela ampla curva. Além disso, a nova geração do iDrive não reage apenas a este controlador, mas também a vozes, gestos e olhares. O sistema de infoentretenimento deve se comunicar com o motorista e os passageiros de forma natural e emocional.
A Mercedes-Benz também apresentou na CES seu novo sistema de infoentretenimento, MBUX Hyperscreen, que combina design digital e analógico. O elemento central é uma fita de tela de 141 centímetros na qual vários displays OLED e bocais de ventilação estão integrados. Há uma área de exibição e controle separada para o motorista e o passageiro da frente.
Além disso, a empresa lançou um novo esquema de cores em azul e laranja em que todos os gráficos são projetados. Em segundo plano, os desenvolvedores contam com inteligência artificial, o que deve tornar o sistema sensível ao contexto. Isso significa: Informações e funções são exibidas ou oferecidas apenas quando necessário.
A Texas Instruments mostrou seu sistema de gerenciamento de bateria sem fio na CES. O objetivo é ajudar a reduzir o peso e a eficiência dos e-cars. Afinal, dispensa cabeamento e utiliza um protocolo de comunicação sem fio especialmente desenvolvido para esse fim. Existem também chips eletrônicos especiais. A combinação possibilita a leitura de todos os dados sem fio. O provedor de serviços de teste independente TÜV Süd confirmou a segurança do sistema.
A startup alemã Sono e a holandesa Forma Lightyear apresentaram o protótipo do modelo Sion no CES. A característica especial: os módulos solares são integrados em todo o corpo. Se as condições forem ideais, isso deve trazer um alcance adicional de até 34 quilômetros por dia. A empresa Lightyear disse que lançará o Lightyear One no final de 2021. Ele usa a área do teto, que ofereceria espaço para cinco metros quadrados de módulos solares e, portanto, 215 watts a mais de potência.
A fabricante coreana Toyota também quer oferecer um teto solar para o Prius, um híbrido plug-in. Com um tempo de carregamento diário de 5,8 horas, isso significa 1.300 quilômetros adicionais por ano. Especialistas ainda questionam a eficiência da tecnologia solar em carros. Afinal, os tetos costumam ser curvos, o que significa menor radiação solar.
Carros elétricos
O mercado automobilístico tem concentrado muitos investimentos para criar soluções sustentáveis para o futuro. Um dos principais esforços é o desenvolvimento de carros elétricos, que podem utilizar baterias carregadas por rede elétrica, células de combustíveis alimentadas por hidrogênio ou outras fontes mais ecológicas.
Ainda que a concorrência de mercado seja maior nos países europeus e na China, o continente americano está investindo na transição de seus veículos. Com um discurso fortemente pautado em causas ambientais, o recém-eleito Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que toda a frota de veículos do governo federal será substituída por carros elétricos.
Aqui no Brasil também já vemos diversos modelos e marcas de veículos elétricos, além de percebermos um acelerado crescimento na demanda. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (ANFAVEA), a venda de veículos híbridos e elétricos em 2020 cresceu 66% em comparação ao ano anterior.
Entre os fatores que podem estimular este potencial de crescimento está o conhecimento por parte do consumidor. Por ser uma tecnologia pouco disseminada, ainda há muitas dúvidas e receios em relação a ela. Hoje já existem incentivos para usuários de carros elétricos, como redução de IPVA e alíquota reduzidas de imposto de importação.
Muitas montadoras se comprometeram a tornarem-se 100% neutras nas próximas décadas e a Audi é uma delas. O Brasil apresenta condições muito favoráveis à implementação dos modelos elétricos. A produção energética brasileira é majoritariamente limpa, o que já beneficia a realização de outras ações sustentáveis a partir da matriz energética.
Alguns países investem em veículos elétricos, mas têm fontes de energia prejudiciais ao meio ambiente, o que é contraditório e ineficaz como medida sustentável que busca mudar as emissões de carbono. Esse não é o caso do Brasil, que já está em vantagem em comparação com outras nações mundiais neste quesito.
O esforço de todos, principalmente dos engenheiros será muito necessário para um mundo mais sustentável. O investimento no setor de veículos elétricos tem o potencial de auxiliar grandes empresas e a população a continuar usufruindo da mobilidade urbana moderna, a qual a engenharia está tornando cada vez mais sustentável e segura.