Como um dos efeitos resultantes das mudanças constantes ocorridas na Indústria 4.0, a Inteligência Artificial (IA) tem uma participação cada vez maior no setor. O processo automatizado, que utiliza grandes volumes de dados para tomar decisões, dispensa a intervenção humana e aumenta a produtividade em diferentes atividades. A implementação de IA nas empresas não é uma prática nova, a tecnologia já está consolidada e possui uma atuação importante. No entanto, ainda há muito o que ser explorado nessa área. As aplicações de IA, em alguns nichos, ilustram um panorama otimista para o futuro da indústria.
A Inteligência Artificial funciona por meio da integração de diversos fatores, tal como a utilização de sensores, Smart Data, Internet das Coisas (IoT), Cloud Computing e outras tecnologias presentes na Indústria 4.0. Com essas ferramentas trabalhando em sincronia, os dispositivos equipados com IA criam sistemas complexos, que correlacionam as informações coletadas e, com isso, buscam as melhores maneiras de realizar as atividades para as quais foram programados.
Uma das principais vantagens da Inteligência Artificial é o fato de que a tecnologia tem a capacidade de se auto-otimizar, sem a necessidade do intermédio de uma pessoa responsável em configurá-la. Para isso, o sistema se alimenta de suas próprias experiências, identificando as práticas mais produtivas e tornando o processo mais eficaz. Isso acontece por meio da interligação de milhões de dados e reconhecimento de padrões. As falhas decorrentes da atuação humana, influenciadas por fatores externos, são praticamente nulas com a utilização de IA. O conceito de aprendizado de máquinas é um dos ramos que se encaixam dentro do universo abstrato da IA, denominado Machine Learning.
Um dos casos mais emblemáticos envolvendo Inteligência Artificial e Machine Learning aconteceu em Tóquio, no Japão, com o supercomputador de inteligência artificial, IBM Watson. O equipamento foi responsável por identificar um tipo raro de leucemia em uma paciente japonesa. De início, a mulher de 60 anos havia sido diagnosticada pelos médicos com Leucemia Mielóide Aguda, porém, com a ineficiência do tratamento, a equipe médica recorreu ao Watson para resolver o caso. Por meio de seu banco de dados, que conta com milhões de documentos, o equipamento levou apenas dez minutos para encontrar fatores relacionados, criar paralelos entre eles e reconhecer a forma rara da doença. Graças à atuação do Watson, a paciente obteve o tratamento adequado.
Outra vertente da Inteligência Artificial, que está cada vez mais presente nas empresas, é o Chatbot. O termo representa a prática de utilizar softwares pré-programados para prestar atendimento aos clientes de forma automatizada. Os chatbots também utilizam Machine Learning para se autoaperfeiçoar. Em cada um de seus contatos, o programa coleta informações e se torna mais experiente nos assuntos. Um dos grandes benefícios é a possibilidade de disponibilizar atendimento aos usuários 24 horas por dia, 7 dias por semana, até para assuntos mais complexos.
Em um cenário cada vez mais automatizado, mais uma vez surge a discussão sobre o papel da mão de obra humana nas indústrias e uma possível onda de desemprego em massa, com a ascensão dos robôs em detrimento do trabalho humano. De fato, muitas funções exercidas por pessoas são muito mais produtivas quando realizadas por máquinas. No entanto, a Inteligência Artificial mostra-se como um complemento para aperfeiçoar, e não substituir, o ser humano. O que ocorrerá, na verdade, é uma transformação das profissões.
Um levantamento realizado pela Gartner, Inc., em 2017, apontou que a Inteligência Artificial será responsável por criar 2,3 milhões de empregos, enquanto eliminará 1,8 milhão até 2020. O relatório apresenta um cenário otimista para o futuro, refutando a imagem da indústria sem a presença humana. No Brasil, a Inteligência Artificial já está consolidada e vêm crescendo com o passar dos anos. Para o ano de 2018 a previsão era de US$ 182 milhões investidos em IA, segundo um relatório feito pelo Sebrae.
É indiscutível que a Inteligência Artificial possui um papel essencial na Indústria 4.0, por outro lado, não é uma tecnologia autossuficiente e, mesmo com um alto grau de autonomia, a participação humana ainda é fundamental para o desenvolvimento de novas ferramentas. Uma vez que as máquinas realizam os trabalhos mais burocráticos, as novas profissões serão voltadas para a criação de novos itens e serviços, e aperfeiçoamento dos já existentes. Assim, afasta-se a distopia de uma paisagem em que as máquinas dominam a indústria, dando espaço a um futuro com práticas inovadoras, resultantes da relação homem-máquina.