Em 2023, o Brasil retornou ao seleto grupo das 50 economias mais inovadoras do mundo, segundo o Índice Global de Inovação (IGI). Em 2024, porém, a grande questão é: conseguiremos manter essa posição? O país caiu uma posição no ranking, de 49º para 50º, o que exige uma análise dos pontos fortes e fracos do Brasil para identificar os avanços necessários e os fatores que contribuíram para essa leve queda.
Pontos fortes do Brasil
Apesar da ligeira queda, o Brasil continua a se destacar em algumas áreas-chave. O país ocupa a 8ª posição em mercado interno, o que reflete sua alta demanda por produtos e serviços, fator essencial para impulsionar inovações, especialmente nas áreas de tecnologia e startups. A grande demanda interna no Brasil exerce pressão sobre o mercado para oferecer soluções cada vez mais inovadoras e adaptadas ao consumidor local. Esse cenário incentiva empresas a investirem em tecnologias que atendam às necessidades específicas da população brasileira, como fintechs para inclusão financeira, aplicativos de mobilidade para grandes centros urbanos, e-commerce e ferramentas digitais que atendem a uma diversidade geográfica e social. Esse mercado robusto é um campo fértil para startups e empresas que buscam crescimento, o que contribui para o avanço tecnológico e o desenvolvimento de novos produtos e serviços.
Outro ponto positivo é a 9ª posição em marcas registradas, indicando que empresas brasileiras estão inovando e protegendo suas criações. Esse dado é particularmente relevante em setores como tecnologia, saúde e agronegócio, onde a inovação tem se mostrado crescente. A 11ª posição em participação eletrônica também é um destaque, refletindo o aumento da digitalização e o uso de tecnologias como inteligência artificial, e-commerce e fintechs, que têm se expandido rapidamente no Brasil.
Desafios do Brasil
No entanto, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios. O país ocupa a 115ª posição em estabilidade política para fazer negócios, o que demonstra um ambiente instável e imprevisível. A instabilidade política afeta a inovação ao desestimular o investimento de longo prazo e afastar investidores externos, que preferem ambientes previsíveis e seguros. Projetos de inovação demandam planejamento e continuidade, mas a falta de estabilidade reduz a confiança das empresas e de investidores, dificultando o avanço de pesquisas e o desenvolvimento tecnológico.
Além disso, a baixa formação bruta de capital, que mede os investimentos em infraestrutura e tecnologia, coloca o Brasil na 108ª posição, limitando a criação de um ambiente propício para a inovação. A infraestrutura deficiente e a baixa disponibilidade de tecnologias avançadas impactam diretamente setores como tecnologia da informação, transporte e manufatura, restringindo o potencial de crescimento de soluções inovadoras no país. O Brasil também enfrenta dificuldades em atrair estudantes estrangeiros, ocupando a 107ª posição, o que prejudica a troca de conhecimento e o desenvolvimento de uma cultura científica mais robusta.
O que esperar do futuro?
As expectativas para 2024 incluem a liberação de recursos que haviam sido contingenciados, como o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o que pode estimular projetos nas áreas de P&D. Para que o Brasil avance no Índice Global de Inovação, especialistas recomendam um aumento significativo nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), essencial para que as universidades e empresas possam desenvolver tecnologias de ponta. Outro ponto crucial é a formação de profissionais qualificados em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), o que aumentaria a capacidade do país de inovar e competir internacionalmente. A melhora nas condições de infraestrutura, tanto em TICs (tecnologias de informação e comunicação) quanto em setores como transporte e energia, seria um facilitador para projetos de inovação, pois uma base sólida em infraestrutura reduz custos e aumenta a eficiência na implementação de novas tecnologias.
Além disso, a colaboração internacional com países como a Alemanha, que ocupa posições de liderança no IGI, é fundamental. A Alemanha possui uma infraestrutura de P&D avançada e uma cultura de inovação que pode servir de modelo para o Brasil.
A colaboração com a Alemanha, que lidera em setores como energia renovável e indústria 4.0, traz benefícios claros para o Brasil. Por exemplo, o intercâmbio tecnológico no setor de energia pode acelerar o desenvolvimento da energia eólica e solar no país. Em outra frente, a indústria 4.0, que inclui automação avançada e digitalização da manufatura, poderia beneficiar a indústria brasileira, tornando-a mais competitiva e eficiente. A troca de conhecimento e tecnologia com a Alemanha ajudaria a estruturar uma base industrial de alta tecnologia no Brasil, impactando positivamente a produtividade e a sustentabilidade no setor.
Conclusão
Embora o Brasil tenha caído uma posição no ranking, ainda há pontos fortes importantes, como o grande mercado interno e a crescente participação em inovações digitais. Para manter e melhorar sua posição, o país precisa superar desafios estruturais, como a estabilidade política e os investimentos em educação e infraestrutura. O futuro da inovação no Brasil dependerá de políticas públicas eficazes e da construção de um ambiente mais favorável à pesquisa e ao desenvolvimento.
Fontes:
- “Brasil volta a figurar entre as 50 economias mais inovadoras do mundo”, VDI Brasil, disponível em vdibrasil.com.
- “Brasil se mantém entre as 50 economias mais inovadoras do mundo”, Portal da Indústria, disponível em portaldaindustria.com.br.
“O que levou o Brasil de volta ao ranking dos 50 países mais inovadores do mundo?”, Fast Company Brasil, disponível em fastcompanybrasil.com.