Os data spaces ainda estão em desenvolvimento, mas o seu conceito já começou a ser aplicado na Europa. A União Europeia criou, inclusive, uma comissão especial para tratar o tema. No Brasil, já há iniciativas para aplicá-los também.
A quantidade de dados gerados tem aumentado de maneira exponencial na última década. Espera-se que esse aumento vertiginoso conduza a 175 zettabytes até 2025 – um enorme recurso para a economia de dados a nível mundial. Para aproveitar o impulso, em 2020, a Comissão Europeia lançou a Estratégia Europeia para os dados, prevendo um papel de liderança da UE para uma sociedade capacitada pelos dados para tomar melhores decisões – nas empresas e no setor público.
A Estratégia enraíza-se nos valores da UE e na convicção de que o ser humano deve estar no centro da utilização de dados. Por meio de uma maior utilização de dados, as instituições da UE esperam favorecer uma maior produtividade e mercados mais competitivos, melhorias na saúde e no bem-estar, no ambiente, na governança e nos serviços públicos.
Como visto, os dados são um fator predominante para o avanço da sociedade. É justamente por isso que os data spaces têm chamado a atenção de indivíduos, empresas e governos, que reconheceram o seu impacto e importância na economia de dados. Embora os data spaces possam ser confusos no início, especialmente para aqueles que não estão familiarizados com eles, são essenciais para o progresso e o sucesso da economia de dados da UE.
O que são data spaces?
Data Spaces são ambientes digitais nos quais dados de diferentes fontes e formatos são agregados, armazenados e gerenciados de maneira integrada. Eles são um universo vivo e interconectado, no qual os dados fluem. Esses espaços atuam como pontes digitais que conectam facilmente diferentes fontes de dados, quebrando as barreiras usuais que mantêm os dados separados.
Os data spaces são intencionalmente projetados para incorporar dados em todas as formas, independentemente do formato ou localização. Ao fornecer um ecossistema unificado, os espaços de dados oferecem uma solução consistente para diferentes espécies de dados, incluindo dados estruturados armazenados em bancos de dados, dados não estruturados encontrados em documentos e dados em tempo real coletados de sensores.
Um data space pode ser visto como um conceito de integração de dados que não requer esquemas de banco de dados comuns e integração física de dados, mas é baseado em armazenamentos de dados distribuídos e integração “conforme necessário” em um nível semântico. Abstraído dessa definição técnica, um espaço de dados pode ser definido como um ecossistema de dados federado dentro de um determinado domínio de aplicação e baseado em políticas e regras compartilhadas.
União Europeia sai à frente
Os data spaces representam os cenários dinâmicos e interconectados em que o futuro dos dados se desenrola. Imagine-o como o coração agitado de uma revolução digital de dados na Europa. Nessa visão, a Europa está na vanguarda, imaginando um mundo no qual os dados fluem livremente, promovendo o crescimento econômico e acendendo uma centelha de inovação, sem deixar de resguardar o conceito fundamental de soberania dos dados.
O compromisso da Comissão Europeia de criar um Espaço Europeu Comum de Dados é mais do que apenas um movimento estratégico – é uma visão ousada e virada para o futuro. Não se trata apenas de acompanhar o ritmo global de partilha de dados, trata-se de liderar o ataque com um compromisso com o compartilhamento responsável de dados que capacita indivíduos e organizações. Nesse cenário, os espaços de dados transcendem fronteiras, abraçando o potencial de maior colaboração entre regiões, governos e organizações para tecer um ecossistema de dados global harmonioso.
À medida que se entra na era dos data spaces, embarca-se num caminho repleto de oportunidades interessantes. É mais do que apenas dados: trata-se do notável poder dos dados utilizados de forma responsável para criar um futuro digital mais brilhante.
Data Spaces no Brasil
De acordo com Bruno Jorge Soares, gerente da Unidade de Difusão de Tecnologias da ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, além da União Europeia, mais países já estão envolvidos no desenvolvimento de data spaces para diferentes áreas, o que deve trazer uma significativa mudança no ambiente de dados dos próximos anos.
“Cases estão sendo desenvolvidos, por exemplo, em setores como agricultura, educação, finanças, saúde, indústria 4.0, mobilidade, setor público etc. No Brasil, existem iniciativas locais e regionais de compartilhamento de dados, sendo iniciadas discussões para iniciativas federais”, ressalta Bruno.
O Brasil tem atuado em duas iniciativas nesse sentido. “Temos um estudo voltado à aplicação de Data Space na Agropecuária, em conjunto com o Parque Tecnológico de São José do Campos (Agro Polo) e a empresa Safe Trace, além de participar e colaborar com um conjunto de workshops com a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) Gmbh para identificar oportunidades e desafios para a indústria.”
Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que os data spaces se tornem uma realidade no Brasil, mas devido a todo o movimento realizado pela EU, essa é uma tendência que deve se tornar realidade em breve.